O setor da construção, depois do colapso de 2014, deu a volta à crise e ficou com uma tremenda falta de mão-de-obra. Estatísticas dizem são precisos cerca de 80 mil trabalhadores para dar resposta às solicitações do mercado. O setor, que perdeu 200 mil empregos desde 2010, pouco antes da chegada da troika, foi novamente impulsionado pelo crescimento do turismo e da reabilitação urbana, muito ligada ao alojamento local.
Para solucionar o problema da escassez de trabalhadores que se faz sentir atualmente, será preciso criar condições para que os operários que emigraram possam voltar, mas também é preciso combater a clandestinidade. A perda de milhares de empresas atirou para o desemprego há anos atrás imensas pessoas que hoje andam, por aí, a fazer pequenas obras de forma clandestina. Também é preciso combater essa concorrência desleal, reintegrando os trabalhadores nas empresas.
De igual forma, será recomendável repensar opções de vida e pensar em trabalhar num setor que tem verdadeira necessidade de colaboradores. Para isso, há que consciencializar a população que os empregos nacionais podem e devem ser ocupados pela nossa gente. Os emigrantes estão a fazer o trabalho que os portugueses recusam e não param de chegar todos os dias ao nosso país. É previsível que, daqui a muito pouco tempo, os empregos sejam (ainda mais) escassos, sobretudo com uma nova crise à porta. Porque não assegurar um posto de trabalho nem setor que tem verdadeiramente necessidade de trabalhadores?
Tem havido até agora uma grande dinâmica de reabilitação urbana nos centros históricos de Lisboa e Porto, mas ainda está aquém das necessidades do país. O último levantamento indicou 1,5 milhões de fogos por reabilitar, dos quais 600 mil a precisar de uma intervenção urgente. Reis Campos – presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) – disse o seguinte acerca deste tema: “São 24 mil milhões de euros de investimento, mas é um plano a 20 anos. Se a reabilitação continuar em velocidade de cruzeiro, e com a prioridade que o primeiro-ministro estabeleceu, afetando cinco mil milhões até 2021, precisaremos de mais 60 mil trabalhadores logo ao fim de um ano.”
Mais e melhor fiscalização é também o que pede o sindicato do setor, que fala em “escravatura moderna” de trabalhadores da Europa de Leste e da América Latina. “Trabalham 16 horas por dia a ganhar o salário mínimo”. Uma coisa parecida acontece com os trabalhadores portugueses da área da construção que sairam do país. Até 2017 terão saído de Portugal entre 120 a 150 mil trabalhadores da construção mas que que não levaram as famílias com eles.
Em fevereiro de 2021 foi feita uma revisão ao Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) aplicável ao setor da construção civil e obras públicas, resultando num salário mínimo de 532 euros para o escalão mais baixo (praticantes, aprendizes e estagiários — apenas por um ano) e de 1.020 euros para o escalão mais alto. A esses valores, que entraram em vigor em setembro de 2021, junta-se o subsídio de refeição, que foi aumentado para seis euros. O inquérito mais recente do Ministério do Trabalho, realizado em julho de 2020, indica que o salário médio mensal dos trabalhadores da construção civil era de 1.010 euros, o equivalente a uma subida de 3,7%.
O setor da construção civil tem escassez de trabalhadores desde, sensivelmente, 2008. A Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) estima que existam atualmente cerca de 400 mil trabalhadores no setor, mas o problema é que faltam quase 80 mil para colmatar as necessidades. No final do ano passado, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho, haviam 15 941 vagas de trabalho por preencher no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), com a construção a dominar nestas vagas. O presidente da AICCOPN disse não compreender estes números. “Não há motivo para se falar em desemprego, tendo em conta a escassez de trabalhadores existente na construção civil em Portugal.“
Também os milhares de trabalhadores portugueses da construção que procuraram fora de Portugal melhores condições financeiras, vêm agora que, em sentido inverso, são também milhares os estrangeiros que vêm para Portugal à procura do mesmo. O que para uns é pouco dinheiro, para outros é muito. No entanto, trabalhar num país em que se está junto com a familia, que tem paz e alguma qualidade de vida pode ser uma boa opção também para os portugueses. E porque não no setor da construção? A exemplo do que já acontece em vários outros países, os trabalhadores especializados serão tão reconhecidos e valorizados como as pessoas formadas que apenas pretendem um emprego “de secretária”.
Em conclusão, a escassez de trabalhadores neste setor deve-se a vários motivos, mas são dois os principais, nomeadamente, a ida de portugueses para fora e a falta de qualificações das pessoas, incluindo dos estrangeiros que vêm para cá.
Não é fácil contratar mão-de-obra hoje em dia, porque o setor tem vindo a perder atratividade ao longo dos anos e, à medida que aumenta a média de idade dos profissionais, não há jovens que garantam a renovação dos que se vão reformando. Hoje, os jovens dão preferência a outro tipo de trabalhos e é imperioso atrair jovens para o setor da construção civil que é, atualmente, um setor com capacidade, com novos métodos de trabalho e que, certamente, vai ser um setor do futuro. É, portanto, preciso mudar esta imagem para que haja maior atração de jovens e reconversão da mão-de-obra de outros setores para este.
Os salários também estão a subir de forma acelerada, à medida que o número de projetos aumenta.
Perante a dificuldade em atrair os portugueses, o setor refugia-se nos estrangeiros, mesmo sendo menos qualificados. Os portugueses vão para o estrangeiro porque ganham mais e depois os estrangeiros, que pouco ou nada sabem fazer na área, vêm para cá e nós temos de os ensinar.
A mão-de-obra estrangeira, em geral, não é mais qualificada do que a portuguesa. Contudo, tem uma virtude, pois nota-se neles uma maior vontade de aprender e de crescer na profissão. Os portugueses também mostram vontade de crescer, mas é mais nas funções de coordenação ou de maior responsabilidade. A maior parte dos estrangeiros que aqui trabalha pretende regressar à sua pátria, podendo isso constituir uma vantagem competitiva para as empresas portuguesas que vão necessitar de manter presença no mercado internacional.
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